Diário de ensaios e desenvolvimento do “Processo de Estudo para Fados e Afins”
➤ Dia 20/06/2016 (segunda feira)
Neste último ensaio antes da viagem de Maria Thais, fiz alguns mínimos progressos no rumo a tomar no desenvolvimento do trabalho, entre experimentos com a voz e apresentação de resultado de ensaio com o porto de entrada. Como inspiração, o poema Lisboa, de Sophia de Mello, e a canção portuguesa Canção do Mar [de Frederico de Brito e Ferrer Trindade]:
Lisboa
Digo
Lisboa
Quando atravesso- vinda do sul- o rio
E a cidade a que chego abre-se como se de seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão noturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não ser
Com seus meandros de espanto insônia e lata
E Seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo de sua própria ausência
Digo o nome da cidade
Digo para ver

Canção do Mar
Fui bailar no meu batel/Além do mar cruel/E o mar bramindo/Diz que eu fui roubar/A luz sem par/Do teu olhar tão lindo/Vem saber se o mar terá razão/Vem cá ver bailar meu coração/Se eu bailar no meu batel/Não vou ao mar cruel/E nem lhe digo aonde eu fui cantar/Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo/Vem saber se o mar terá razão/Vem cá ver bailar meu coração/Se eu bailar no meu batel/Não vou ao mar cruel/E nem lhe digo aonde eu fui cantar/Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo.